Análise e Extensão Vocal: Liz Lanne
De início, Liz Lanne merece destaque pelo seu timbre bastante agradável, suave e bonito; daqueles que dá pra ouvir o dia inteiro. O que falar dos graves dela? Alguém já me falou da possibilidade dela ser contralto devido ao pequeno alcance em voz de peito e voz grave (que nem é tanto, acho uma voz doce e médio-aguda), mas não creio nesse fato por três motivos que estão ligados às notas baixas e ao timbre dela. A voz dela é leve e até mais clara que a de sua irmã Eyshila. Quando adolescente, era mais aguda; Atualmente, ao vivo, é mais escura. Mas isto é um fator normal. Afinal, conhecemos os milagres do estúdio, não no sentido negativo, claro, porque, como vimos, essa trouxe a música do berço.Quanto aos graves, apesar do grande alcance, nem todos são tão brilhantes, volumosos e firmes, ao menos em estúdio (o que creio que se lá não o são, ao vivo também não serão, provavelmente). Não estou dizendo que seus graves não são bons, até porque toda sua extensão é muito boa (mesmo a voz de peito "limitada"), mas abaixo do Mi bemol 3, como um Ré 3 que ela faz na canção "A ultima palavra", já soa um pouco apagado. Certa vez ouvi que ela teria emitido um B♭2 num estúdio, bastante boa a nota, por sinal, mas como não há gravação, não posso afirmar com precisão acerca disto. Entretanto, não duvido da capacidade dela para atingir estes tipos de graves, já que constantemente fazia a harmonia grave do grupo Ellas, como na canção "Mergulhar", na qual está sua nota mais baixa demonstrada, um gravíssimo Lá 2 harmonizado.
Liz Lanne possui uma experiência musical muito vasta e técnica também, principalmente devido ao fato de ter participado de dois grupos Vocais, como falei anteriormente, ela costuma cantar na região mais grave, tendo bastante conhecimento sobre harmonias vocais, etc. Vale ainda ressaltar que, aos 17 anos, já integrava o Altos Louvores. Mesmo jovem, ela já mostrava todo seu estilo vocal e já emitia seus conhecidos agudos em Voz de Cabeça. E que agudos! Eles são sua marca registrada e sempre estão presentes nas canções do Voices e, mais recentemente, em seu álbum Glorifica - Ao vivo. Embora lá com menor frequência. A extensão pequena em voz de peito é recompensada com uma extensão monstruosa em voz de cabeça.
Na verdade, embora o mais alto que já ouvi em toda sua discografia, em voz de peito pura, seja um Ré 5, isso não quer dizer que ela não vá além desta nota. Também não constitui necessariamente um fator negativo. Apesar de nem todo mundo saber, o ideal para um cantor é utilizar voz de cabeça, que é a região natural para se "colocar" os agudos. Logo, Liz Lanne está corretíssima e cuidando de sua saúde vocal. Muitos utilizam voz mista/mixada para dar aquela potência a mais. Na minha humilde opinião, os agudos da Liz, como um Mi bemol 6 lírico que ela faz em "Para Sempre" , com o Voices, é muito mais bonito e destacado que uma nota mais "comum", como um Mi 5 de peito, por exemplo, o que já é um diferencial. Mas isso também dependerá do estilo a ser cantado.
Por falar na voz de cabeça desta jovem, ela e seu registro de apito são bastante desenvolvidos e até confundem os ouvidos de muitos por aí.
Fatores que podemos destacar na voz de cabeça e no whistle register dela são, especialmente, o vibrato e os ornamentos que executa, bem como a conexão perfeita que realiza ao transitar do whistle pra voz de cabeça e pra voz de peito. Sempre as notas são emitidas com um vibrato ágil, bem controlado e uma respiração com um ótimo apoio. (como ela iniciando a musica PELO FOGO no DVD Acustico do Voices). Não é à toa que alcança um Fá sustenido 6 na sua voz plena, ou seja, voz de cabeça pura. Sua sexta oitava é muito bem manipulada. Ainda sobre o vibrato, mesmo quando está cantando em sua voz natural, a forma de emissão e execução de seu vibrato soa similar ao som de um vibrato de notas no registro de apito, o que confunde a muitos. Tal fator pode ser observado na canção "MEUS CÂNTAROS", que tem um Fá Soprano natural (Fá 6), mas que pode soar rapidamente como se fosse whistle. Contudo, pelo preenchimento da nota, nota-se que é voz de cabeça.
Em se tratando de suas performances ao vivo, ela não costuma mostrar muito seus agudos e tudo mais. Ao menos em sua carreira solo, nos vídeos que vi, ela cantou numa região mais mediana e, na única música que possui um "agudo extremo" ("Basta uma palavra" é a faixa da qual falo), ela o oitavou, fazendo um Fá 5 misto com prevalência de voz de cabeça, em umas três performances que vi da mesma. Uma delas foi numa Igreja do Rio de Janeiro. Há quem diga que num show ela fez este agudo e ainda estendeu para um Sol sustenido 6. Não há como saber a respeito, já que não existem gravações disponíveis de tal dia. De toda forma, não descarto a veracidade disto.
O porquê de Liz não ter feito esses agudos ultimamente? Talvez mudança de estilo mesmo, não estava bem vocalmente nesses dias, para poupar a voz; não sei, mas uma coisa é certa: ela "se solta" mais para esse tipo de nota quando está fazendo backing vocal. Apresentações que comprovam isto são as nas quais ela emite um Mi 6 em voz de cabeça e um Sol 6 em registro de apito. Os agudos foram emitidos, respectivamente, em: ATÉ TOCAR O CÉU e DEUS ESTÁ ME ENSINANDO (NA GRAVAÇÃO DO DVD DA EYSHILA E PRINCIPALMENTE MAS NÍTIDO NA CONSAGRAÇÃO). Enfim, Liz canta pra caramba! Resta-nos esperar as surpresas que esse novo cd dela, nos trará.